ENTREVISTA A PÉRICLES
Entrevistadora: Bom dia!
Péricles: Bom dia!
Entrevistadora: Desejava fazer-lhe uma pequena entrevista. Esta consistia em apenas num pormenorizado questionário, onde lhe farei algumas questões sobre e sobre a Democracia Ateniense. Esta entrevista era mesmo muito importante pois é um Trabalho de História que todos os alunos da Escola E.B. 2/3 de Gondomar do 7ºA têm de fazer, aceita a proposta?
Péricles: Com certeza, tenho pouco tempo mas falarei consigo e responderei ao tal questionário com toda a clareza e sinceridade.
Entrevistadora: Soube que o senhor foi um político muito importante na Sociedade Ateniense. Sendo, classifique-se e diga-me os seus maiores contributos.
Péricles: Eu fui um célebre e influente político, orador e estratego da Grécia Antiga. um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V a.C. Eu promovi a participação de todos os cidadãos na vida da pólis.
Entrevistadora: Estou a ver, estou a ver! Continue que estas informações são muito importantes, é que sabe, nós do século XXI gostávamos saber muito mais sobre si.
Péricles: Eu tive uma influência tão profunda na sociedade ateniense que Tucídides, historiador contemporâneo declarou-me "o primeiro cidadão de Atenas". Eu transformei a Liga Délia num verdadeiro império ateniense e liderei os meus fidalgos durante os dois primeiros anos da Guerra do Peloponeso. Promovi as artes e a literatura, num período em que Atenas tinha a reputação de ser o centro educacional e cultural do mundo da Grécia Antiga. Iniciei um ambicioso projecto que construiu a maior parte das estruturas que ainda existem na Acrópole de Atenas Este projecto foi responsável por embelezar a cidade, exibir a sua glória e dar emprego à população. Posso dizer um texto que disse sobre a Democracia Ateniense?
Entrevistadora: Claro, claro. Tenho todo o tempo do mundo. Peço-lhe só para dizer com calma que é para eu tomar notas.
Péricles: Então é assim: “ Temos um regime político que não nos faz invejar as leis das cidades vizinhas. Pelo contrário, em vez de querermos imitá-las, somos o seu modelo e exemplo. O nome desse regime é Democracia, porque procura satisfazer o maior número de pessoas e não apenas a minoria. As nossas leis concedem os mesmos direitos a todos os cidadãos. Só o valor de cada cidadão conta para a atribuição de distinções e de honras. A pobreza não impede que um cidadão capaz desempenhe cargos públicos na pólis. Somos tolerantes, mas mantemo-nos fiéis aos magistrados e às leis. Numa palavra, a nossa cidade (Atenas) é a escola da Grécia.”
Entrevistadora: Mas, uma informação, quem é que era considerado cidadão?
Péricles: Eram todos os habitantes do sexo masculino, maiores de 18 anos, filhos de pai e mãe atenienses.
Entrevistadora: Mas isso não é justo. No século XXI todos são considerados cidadãos. Por que é que não consideram os escravos também cidadãos?
Péricles: Então, minha cara amiga, os escravos eram mais uns habitantes que viviam cá, em Atenas. Os escravos eram considerados uns meros instrumentos vivos, pois eram comprados ou vendidos como qualquer mercadoria. Como é óbvio, não têm participação activa na sociedade e não tem, claro, personalidade para tal.
Entrevistadora: E os metecos e as respectivas famílias? Também não me diga que não são gente (como diz o nosso povo português)?
Péricles: Senhora jornalista, então se os metecos não são filhos de pai e mãe atenienses e como temos o melhor Regime Democrático relativamente a outras cidades da Grécia, não poderia ser cidadão porque poderia dizer o nosso Regime a outras cidades e isso não nos pode acontecer, percebeu?
Entrevistadora: Mas, como é que me explica o facto das mulheres dos cidadãos e os seus filhos não possam ir? Nós do século XXI temos toda a população a votar, quer dizer, os maiores de 18 anos, mas tanto do sexo masculino e feminino, como Ana Maria Jorge, Ministra da Saúde e Isabel Alçada, Ministra da Educação!
Péricles: Então, as mulheres têm é que estar no Gineceu (aquele local reservado às mulheres e onde decorria praticamente a sua vida), cuidar dos filhos, dirigir a casa, fazer trabalhos domésticos e não participar na vida política, pois isso seria uma perca de tempo para elas. A senhora que é mulher não me diga que gostava de participar na vida política, quando tivesse mais de 18 anos, lá na sua terrinha seja ela onde seja?
Entrevistadora: Não lhe querendo faltar ao respeito, penso que não lhe posso responder porque não se deve dar a sua opinião, mas como é para si até lhe vou responder. Eu gostava de participar na vida política, depois de ter 18 anos, não como Ministra nem ter nenhum cargo específico, pois já tenho planos para o Futuro, mas ser mais uma dos cidadãos a votar para ter os meus direitos e para escolher quem quero ter a governar o meu país. Sendo assim, o senhor como queria que a Democracia em Atenas fosse?
Péricles: A Democracia Ateniense era baseada na maioria, respeitando sempre todos os cidadãos; leis iguais para todos, podendo ser os cidadãos mais pobres ou mais ricos, mas sempre com os mesmos direitos; a eleição dos cidadãos pelas suas capacidades, tentando sempre serem justos e a tolerância uns para com os outros. Todos os cidadãos podiam participar nos órgãos políticos da polis, sendo assim esta democracia, uma Democracia Directa. Para eles saberem quando é que eram as convocações para a Assembleia, hasteava-se uma bandeira branca, na colina da Pnix. Na colina do Areópago funcionava o tribunal que decidia a pena de morte.
Entrevistadora: Acerca da pena de morte, o senhor acha justa a pena de morte que Sócrates teve? Ele era um filósofo tão sábio, mas era sempre acusado de desrespeitar os deuses e de corromper os jovens. Apesar de tudo ele bebeu o veneno que lhe deram na prisão, com muita tranquilidade em vez de desistir da missão da procura da verdade. Também me consegue explicar isso?
Péricles: Sócrates ficou condenado à morte porque, como disse, ele desrespeitava os deuses e corrompia os jovens. Sócrates também não tinha um bom método de estudo, pois respondia a perguntas com mais perguntas. Penso que também ele bebera o veneno com tanta tranquilidade porque talvez não quisesse culpar os seus alunos e aqueles que acreditava nele, que era o meu caso, mas a vida assim, uns vivem para governar como eu, outros vivem para morrer numa prisão bebendo veneno.
Entrevistadora: Penso que não tenho mais perguntas para lhe fazer. Agradeço-lhe muito por ter disponibilizado o seu tempo para me dar uma entrevista muito aberta, sincera e agradável. Peço também desculpa por algum incidente que lhe tenha causado e de novo, muito obrigada!
Péricles: Eu é que agradeço por me ter exposto ao público. Gostei muito desta entrevista e alguma coisa que precise eu estou ao seu inteiro dispor.
Entrevistadora: Adeus, muito obrigada e Boa Tarde.
Péricles: Boa Tarde e Adeus.
Carla Sofia – nº 7 – 7º A