sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Teatro grego




















O teatro grego surgiu a partir das cerimónias gregas, como as que se  ligavam ao deus Dionísio (deus do vinho e das festas). Aqui, os jovens dançavam e cantavam, oferecendo-lhe vinho. Com o tempo, este ritual começou a ganhar uma maior dimensão.
Durante o período clássico da história da Grécia (século V a.C.) foram estabelecidos os géneros do teatro: a tragédia e a comédia. Sófocles e Ésquilo e Eurípedes foram os tragediógrafos  de maior importância desta época. Aristófanes é o maior comediógrafo.
Nesta época clássica foram construídos diversos teatros ao ar livre. Eram aproveitadas montanhas e colinas de pedra para servirem de suporte para as bancadas. A acústica (propagação do som) era perfeita.  

Os actores representavam-se com máscaras e túnicas de acordo com a personagem. Muitas vezes, eram montados cenários bem decorados para dar maior realismo à encenação.

Os temas mais representados nas tragédias estavam relacionadas, problemas emocionais e psicológicos, lendas e mitos, homenagem aos deuses gregos, factos heróicos. Nas comédias fazia-se crítica social a factos da vida quotidiana e aos políticos.

Comédia ou Tragédia?

Narrador: Tróia destruída, os gregos matam todos os habitantes do sexo masculino, homens, rapazes ou meninos. Restam, apenas, algumas mulheres: as troianas. O coro recorda:




Coro ( vozes alternadas)

Era ontem.

O nosso último dia de ventura

Foi para Tróia o começo da morte.

Do alto das muralhas, nessa manhã,

Vi a praia e o mar

Desertos a perder de vista:

A frota tinha desaparecido.

Só no meio da planície, havia um grande cavalo de madeira

Com arreios de ouro cintilante.

Todo o povo troiano, em pé sobre a rocha da cidadela,

Gritava: “ A guerra acabou, foram-se embora;

- os gregos levantaram o cerco

- acabaram os nossos sofrimentos:

Colocai o ídolo de madeira na nossa Acrópole!

Consagrá-lo-emos a Pala Atena;

A nobre filha de Zeus

Que nos perdoou.”

Toda a gente gritava nas ruas.

Os velhos e as virgens,

Nas ombreiras das portas,

Perguntavam: “ Que aconteceu?”

E nós respondíamos: È a paz.”

Ataram-se cordas ao ídolo

Para o içar até ao templo de Atena.

Eu ajudei como todos.

Empurrei, puxei, esforcei-me.

O trabalho acabou ao fim do dia,

E toda a noite cantámos vitória

Ao som de flautas lídias,

E depois, uma a uma se apagaram,

Nas casas, as candeias brilhantes,

E as tochas fumegantes nas ruas.

Nós esgotados pela alegria,

Cantávamos ainda no escuro,

Em voz baixa: a paz! A paz!

Assim acabou o último dia de Tróia,

O nosso último dia de ventura!(…)



Narrador:

As mulheres troianas, entre elas a rainha Hécuba, profetisa semi-louca Cassandra e a princesa, Andrómaca, com o seu filhinho de peito, encontram-se reunidas, à espera de serem distribuídas como escravas pelos reis gregos, vencedores.

Um mensageiro, Taltíbio, é enviado a Andrómaca para lhe arrancar o filho, que os gregos não querem deixar vivo.:



(…)

Taltíbio ( vai junto de Andrómaca)

-Não me odeies.

Andrómaca:

-Porquê?

Taltíbio :

-Sou apenas um mensageiro.

Comunico-te, contrariado,

A nova decisão dos meus senhores.

Andrómaca:

-Sê claro.

Parece que tens medo de falar.

Taltíbio:

-O teu filho …

Andrómaca

-Separam-nos?

Taltíbio:

-Sim, de certa maneira…

Andrómaca:

Não teremos o mesmo senhor?

Taltíbio:

-Ele não terá senhor.

Andrómaca:

-Abandoná-lo-eis aqui?

Taltíbio:

-Queria preparar-te.

Andrómaca:

-Não quero saber dos teus escrúpulos.

Vamos, servo, despacha-te

Taltíbio:

-Vão matá-lo.

(Silêncio. Andrómaca aperta o filho contra ela e olha-o.

continua precipitadamente):

-Foi Ulisses

Disse diante da Assembleia dos Gregos:

“ Se deixarmos viver o príncipe herdeiro de Tróia,

O filho do poderoso Heitor,

Preparamos grandes trabalhos.”

A Assembleia deu-lhe razão (pausa)

Não o apertes tanto.

Dá-mo

(Ela resiste e afasta-se)

- Vá! Dá-mo.

Que podes tu fazer?

A tua cidade e o teu marido desapareceram.

Estás em nosso poder.

Será preciso que eu to arranque?

Julgas que o exército grego não é capaz

De vencer uma mulher?

Inclina-te perante as ordens,

Sê digna na desgraça.

Que será preciso fazer, ó deuses,

Para que nos dês o teu filho?

Ouve: não atraias sobre ti o ódio

Ou – quem sabe? – a vergonha.

Se irritas os militares,

Abandonarão o cadáver do teu filho aos abutres.

Se fores dócil,

Talvez te permitam enterrá-lo

E os nossos generais talvez te considerem

Com um olhar benévolo.

Andrómaca (aos soldados):

- Não lhe toqueis! Eu já o entrego

(os soldados afastam-se sem a perderem de vista)

Meu pequenino

Vais deixar-me.

Vais morrer. Sabes porquê?

O teu pai foi demasiado grande,

As suas virtudes serão a causa da tua morte.

Mentiram-me, o ano passado,

Quando me disseram que trazia no ventre

O futuro rei da Ásia

Das belas colheitas.

Dei à luz uma pobre, frágil vítima,

E dei aos gregos um mártir.

Tu choras! Agarras-te ao meu vestido

Com os dedinhos crispados,

será que adivinhas a tua sorte?

(bruscamente)

Sai da terra, Heitor, retoma a tua lança.

Massacra-os. Salva o teu filho!

(Pausa)

Ele não virá

Está morto.

Estamos sozinhos

Os dois, meu tesouro;

Não sou suficientemente forte

E não poderei resistir-lhes muito tempo.

Vão pegar em ti,

Vão lançar-te do alto das muralhas,

De cabeça para baixo. (Um grito) Ah!

(Pausa)

Corpo, corpo querido,

Tu ainda vives e cheiras tão bem!

(Beija-o)

Tinha orgulho ao dar-te o meu leite

Se eu soubesse, ter-te-ia sufocado

Com as minhas mãos

Enquanto te beijava

Beija-me,

Aperta-me muito,

Cola a tua boca à minha.

(Levanta-se)



Homens da Europa,

Vós desprezais a África e a Ásia

E chamais-nos bárbaros, creio.

Mas quando a gloríola e a cupidez

Vos lançam contra nós,

Pilhais, torturais e massacrais.

Quem são os bárbaros?

E vós Gregos, tão orgulhosos

Da vossa humanidade,

Onde estais?

Eu vos digo: nem um só de nós

Ousaria fazer a uma mãe

O que me fazeis a mim

Com a calma da boa consciência

(violentamente)

Bárbaros! Bárbaros!

Matais o meu filho por causa de uma prostituta.

( os soldados arrancam-lhe o filho)

Que vergonha para mim: não ter forças para

Proteger o meu filho

Maldito sejam os filhos de Ulisses.



Taltíbio (para os soldados):

- Levai-o. Vou ter convosco às muralhas.

(para si mesmo)

Missão verdadeiramente desagradável!

Bem ma podiam ter poupado.

Eu tenho coração.

Enfim é a guerra! (…)



Eurípedes, As Troianas

Tragédia ou comédia?

Agora, depois de saberes o que retratava o teatro grego, vou propôr-te um desafio. Lê o texto seguinte e classifica-o como comédia ou tragédia.


Salsicheiro


Mas, diga-me uma coisa: como é que eu, um salsicheiro, vou me tornar um político, um líder?



Primeiro Escravo (general Demóstenes)

Mas é precisamente nisso que está a sua grandeza: em você ser um canalha, um vagabundo, um ser inferior!



Salsicheiro

Pois eu não me julgo digno de tamanho poder!



Primeiro Escravo (general Demóstenes)

Ai, ai, ai, ai, ai, ai! O que é que te faz dizer que não te achas digno? Está parecendo para mim que tens alguma coisa de bom a pesar-te na consciência. Serás tu filho de boa família?



Salsicheiro

Nem de sombra! De patifes, mais nada!



Primeiro Escravo (general Demóstenes)

Homem ditoso! Que sorte a sua! Tens todas as qualidades para a vida pública!


Salsicheiro

Mas, meu caro amigo, instrução não tenho nenhuma. Conheço as primeiras letras e, mesmo estas, mal e porcamente!



Primeiro Escravo (general Demóstenes)

Isso não é problema! Que as conheças mal e porcamente! A política não é assunto para gente culta e de bons princípios: é para ignorantes e velhacos!

Aristófanes, “Os cavaleiros”

Figuras para o teatro sobre o mito de Pandora

Afrodite
Atena

Epimeteu

Hefesto

Hermes



Pandora



Prometeu

Zeus

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ENTREVISTA A PÉRICLES

Entrevista a Péricles




Jornalista: Muito bom dia, senhor Péricles! Desde já, agradeço a sua disponibilidade.



Péricles: Bom dia! Ora essa, estou sempre disponível para ajudar.



Jornalista: Primeiro, gostava imenso de saber quem é o célebre Péricles:



Péricles: Ora bem… Eu fui um célebre e influente estadista, orador e estratego da Grécia Antiga.



Jornalista: Muito bem! Sei também, que foi a maior personalidade política do século V a.C. Fale-nos mais da sua política, por favor.



Péricles: A minha política é muito justa, tem liberdade…



Jornalista: A sério?! Então porque é que apenas os filhos de atenienses, podem votar?


Péricles: Para se ser considerado cidadão, é necessário ser-se filho de pais atenienses. Os escravos não têm qualquer tipo de habilitação para poderem votar em quem deve governar a nossa Grécia.


Jornalista: No nosso século toda a gente vota, incluindo mulheres, desde que tenham mais de 18 anos. Achamos que toda a gente é livre, para poder votar em quem acha que é a melhor pessoa para governar no nosso país.

Péricles: Se lá no seu século isso é assim, eu não tenho nada a ver com isso. Ora essa… Mas já agora, acrescento, que para nós o lugar das mulheres é em casa a educar e a tomar conta dos seus filhos e da casa.

Jornalista: Isso não é liberdade, senhor Péricles! Pois, então, fique a saber que para nós existe outro tipo de injustiça no seu país. Por que razão condenaram Sócrates à morte?

Péricles: Sócrates foi uma desilusão para a nossa cidade. Andava a ensinar mal os nosso jovens, estando contra aos nossos princípios.

Jornalista: Não era necessário ter sido condenado à pena de morte! Cá em Portugal, a pena máxima é de 25 anos de cadeia.

Péricles: Não vou discutir isto consigo. Cá na Atenas Antiga, quem trai os seus merece pena de morte, pois nascemos para servir a nossa cidade.

Jornalista: Muito obrigada por ter respondido às minhas perguntas, senhor Péricles. Até a uma próxima.

Péricles: Foi com muito gosto que dei a mostrar ao século XXI, como é que nós, cá, na Atenas Antiga, somos feitos!

                                                                                                      Francisca de Sousa Coelho, 7º A




Entrevista a Péricles

ENTREVISTA A PÉRICLES




Entrevistadora: Bom dia!

Péricles: Bom dia!

Entrevistadora: Desejava fazer-lhe uma pequena entrevista. Esta consistia em apenas num pormenorizado questionário, onde lhe farei algumas questões sobre e sobre a Democracia Ateniense. Esta entrevista era mesmo muito importante pois é um Trabalho de História que todos os alunos da Escola E.B. 2/3 de Gondomar do 7ºA têm de fazer, aceita a proposta?

Péricles: Com certeza, tenho pouco tempo mas falarei consigo e responderei ao tal questionário com toda a clareza e sinceridade.

Entrevistadora: Soube que o senhor foi um político muito importante na Sociedade Ateniense. Sendo, classifique-se e diga-me os seus maiores contributos.

Péricles: Eu fui um célebre e influente político, orador e estratego da Grécia Antiga. um dos principais líderes democráticos de Atenas e a maior personalidade política do século V a.C. Eu promovi a participação de todos os cidadãos na vida da pólis.

Entrevistadora: Estou a ver, estou a ver! Continue que estas informações são muito importantes, é que sabe, nós do século XXI gostávamos saber muito mais sobre si.

Péricles: Eu tive uma influência tão profunda na sociedade ateniense que Tucídides, historiador contemporâneo declarou-me "o primeiro cidadão de Atenas". Eu transformei a Liga Délia num verdadeiro império ateniense e liderei os meus fidalgos durante os dois primeiros anos da Guerra do Peloponeso. Promovi as artes e a literatura, num período em que Atenas tinha a reputação de ser o centro educacional e cultural do mundo da Grécia Antiga. Iniciei um ambicioso projecto que construiu a maior parte das estruturas que ainda existem na Acrópole de Atenas Este projecto foi responsável por embelezar a cidade, exibir a sua glória e dar emprego à população. Posso dizer um texto que disse sobre a Democracia Ateniense?

Entrevistadora: Claro, claro. Tenho todo o tempo do mundo. Peço-lhe só para dizer com calma que é para eu tomar notas.

Péricles: Então é assim: “ Temos um regime político que não nos faz invejar as leis das cidades vizinhas. Pelo contrário, em vez de querermos imitá-las, somos o seu modelo e exemplo. O nome desse regime é Democracia, porque procura satisfazer o maior número de pessoas e não apenas a minoria. As nossas leis concedem os mesmos direitos a todos os cidadãos. Só o valor de cada cidadão conta para a atribuição de distinções e de honras. A pobreza não impede que um cidadão capaz desempenhe cargos públicos na pólis. Somos tolerantes, mas mantemo-nos fiéis aos magistrados e às leis. Numa palavra, a nossa cidade (Atenas) é a escola da Grécia.”

Entrevistadora: Mas, uma informação, quem é que era considerado cidadão?

Péricles: Eram todos os habitantes do sexo masculino, maiores de 18 anos, filhos de pai e mãe atenienses.

Entrevistadora: Mas isso não é justo. No século XXI todos são considerados cidadãos. Por que é que não consideram os escravos também cidadãos?

Péricles: Então, minha cara amiga, os escravos eram mais uns habitantes que viviam cá, em Atenas. Os escravos eram considerados uns meros instrumentos vivos, pois eram comprados ou vendidos como qualquer mercadoria. Como é óbvio, não têm participação activa na sociedade e não tem, claro, personalidade para tal.

Entrevistadora: E os metecos e as respectivas famílias? Também não me diga que não são gente (como diz o nosso povo português)?

Péricles: Senhora jornalista, então se os metecos não são filhos de pai e mãe atenienses e como temos o melhor Regime Democrático relativamente a outras cidades da Grécia, não poderia ser cidadão porque poderia dizer o nosso Regime a outras cidades e isso não nos pode acontecer, percebeu?

Entrevistadora: Mas, como é que me explica o facto das mulheres dos cidadãos e os seus filhos não possam ir? Nós do século XXI temos toda a população a votar, quer dizer, os maiores de 18 anos, mas tanto do sexo masculino e feminino, como Ana Maria Jorge, Ministra da Saúde e Isabel Alçada, Ministra da Educação!

Péricles: Então, as mulheres têm é que estar no Gineceu (aquele local reservado às mulheres e onde decorria praticamente a sua vida), cuidar dos filhos, dirigir a casa, fazer trabalhos domésticos e não participar na vida política, pois isso seria uma perca de tempo para elas. A senhora que é mulher não me diga que gostava de participar na vida política, quando tivesse mais de 18 anos, lá na sua terrinha seja ela onde seja?

Entrevistadora: Não lhe querendo faltar ao respeito, penso que não lhe posso responder porque não se deve dar a sua opinião, mas como é para si até lhe vou responder. Eu gostava de participar na vida política, depois de ter 18 anos, não como Ministra nem ter nenhum cargo específico, pois já tenho planos para o Futuro, mas ser mais uma dos cidadãos a votar para ter os meus direitos e para escolher quem quero ter a governar o meu país. Sendo assim, o senhor como queria que a Democracia em Atenas fosse?

Péricles: A Democracia Ateniense era baseada na maioria, respeitando sempre todos os cidadãos; leis iguais para todos, podendo ser os cidadãos mais pobres ou mais ricos, mas sempre com os mesmos direitos; a eleição dos cidadãos pelas suas capacidades, tentando sempre serem justos e a tolerância uns para com os outros. Todos os cidadãos podiam participar nos órgãos políticos da polis, sendo assim esta democracia, uma Democracia Directa. Para eles saberem quando é que eram as convocações para a Assembleia, hasteava-se uma bandeira branca, na colina da Pnix. Na colina do Areópago funcionava o tribunal que decidia a pena de morte.

Entrevistadora: Acerca da pena de morte, o senhor acha justa a pena de morte que Sócrates teve? Ele era um filósofo tão sábio, mas era sempre acusado de desrespeitar os deuses e de corromper os jovens. Apesar de tudo ele bebeu o veneno que lhe deram na prisão, com muita tranquilidade em vez de desistir da missão da procura da verdade. Também me consegue explicar isso?

Péricles: Sócrates ficou condenado à morte porque, como disse, ele desrespeitava os deuses e corrompia os jovens. Sócrates também não tinha um bom método de estudo, pois respondia a perguntas com mais perguntas. Penso que também ele bebera o veneno com tanta tranquilidade porque talvez não quisesse culpar os seus alunos e aqueles que acreditava nele, que era o meu caso, mas a vida assim, uns vivem para governar como eu, outros vivem para morrer numa prisão bebendo veneno.

Entrevistadora: Penso que não tenho mais perguntas para lhe fazer. Agradeço-lhe muito por ter disponibilizado o seu tempo para me dar uma entrevista muito aberta, sincera e agradável. Peço também desculpa por algum incidente que lhe tenha causado e de novo, muito obrigada!

Péricles: Eu é que agradeço por me ter exposto ao público. Gostei muito desta entrevista e alguma coisa que precise eu estou ao seu inteiro dispor.

Entrevistadora: Adeus, muito obrigada e Boa Tarde.

Péricles: Boa Tarde e Adeus.



Carla Sofia – nº 7 – 7º A

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Religião grega

A religião grega formou-se ao longo de séculos a partir da tradição cretense e Indo-Europeia. No século VIII, os grandes poetas Homero e Hesíodo recolheram os antigos mitos ( narrações maravilhosas sobre a vida dos deuses e dos heróis que tentavam dar explicações sobre o mundo e as coisas). Este conjunto de mitos – mitologia – mais tarde, foi modificada e aumentada.


Vamos, então investigar um mito – o de Pandora – como escolheram.

Antes de mais, temos de ler várias versões do mito; descobrir as diferenças; tentar perceber por que existem essas diferenças e depois escolher a mais fiel à civilização grega. Vamos a isso?



A estória começa com Prometeu , um dos titãs, escalando o Olimpo e roubando o fogo dos deuses para oferecer aos homens (o fogo do conhecimento?).


Zeus, o rei dos deuses, furioso com tamanha ousadia, prendeu-o e o amarrou em um rochedo, onde um abutre vinha todos os dias comer-lhe o fígado, que se regenerava durante a noite, para ser comido novamente pelo abutre no dia seguinte. Esse mito sugere o sofrimento causado pela insaciedade do homem e, em outro nível, significa o longo e penoso ciclo de morte e renascimento, que os budistas denominam roda do Sansara.


Zeus, porém, não satisfeito com a vingança desfechada contra o ladrão, resolveu vingar-se também de todos os homens beneficiários do fogo roubado por Prometeu. Então ordenou que Hefesto, o Deus-ferreiro do mundo subterrâneo, fizesse a mulher.


Hefesto fez uma mulher belíssima chamada Pandora e a apresentou a Zeus antes de ela descer à superfície da Terra. Zeus, admirado com a obra de Hefesto, despachou Pandora para a Terra, mas antes lhe deu uma grande e belíssima caixa de marfim ornamentada fechada e também lhe deu a chave, dizendo-lhe: “Quando você se casar, ofereça esta caixa como dote ao seu marido, mas a caixa só pode ser aberta após seu casamento”.


Em pouco tempo, Pandora conheceu Epimeteu, irmão mais novo de Prometeu e logo se casaram. A princípio, Pandora estava muito feliz com seu casamento e passava os dias cuidando da casa e do lindo jardim, tendo se esquecido da caixa.


Porém Epimeteu viajava constantemente e, certa vez, ficou muito tempo longe de casa. Pandora sentia-se só e triste. Lembrou-se da caixa e foi até o canto onde estava guardada examiná-la curiosamente. Enquanto observava os lindos detalhes e adornos externos, Pandora pareceu ouvir pequenas vozes gritando lá de dentro e dizendo: “Deixe-nos sair!..Deixe-nos sair...”. Pandora não podia esperar mais. Foi correndo buscar a chave e imediatamente abriu a tampa da caixa. Para sua grande surpresa centenas de pequeninas e monstruosas criaturas, parecendo terríveis insetos, saíram voando lá de dentro, com um zumbido assustador.


Muitas dessas horríveis criaturas a picaram na face e nas mãos, saíram em enxame pela janela, fazendo um barulho infernal. Logo a nuvem desses insetos cobriu o sol, e o dia ficou escuro e cinzento. Apavorada, Pandora fechou a caixa e sentou-se sobre a tampa.


As picadas dos insetos doíam muito, mas algo mais a estava preocupando: Ela estava tendo toda a espécie de sentimentos e pensamentos sombrios e odiosos que nunca tivera antes. Sentiu raiva de si mesma por ter aberto a caixa. Sentiu uma grande onda de ciúme de Epimeteu. Sentiu-se raivosa e irritada. Percebeu que estava doente de corpo e de alma.


Súbito pareceu-lhe ouvir outra vozinha gritando de dentro da caixa: “Liberte-me! Deixe-me sair daqui!”. Pandora respondeu rispidamente: “Nunca! Você não sairá ! Já fiz tolice demais em abrir essa caixa!”


Mas a voz prosseguiu de dentro da caixa: “Deixe-me sair, Pandora! Só eu posso ajudá-la!”


Pandora hesitou, mas a voz era tão doce, e ela se sentia tão só e desesperada,que resolveu abrir a caixa. De lá de dentro saiu uma pequena fada, com asinhas verdes e luminosas que clarearam um pouco aquele quarto escuro, aliviando a atmosfera que se tornara pesada e opressiva. “Eu sou a Esperança”, disse a fada. E prosseguiu: “Você fez uma coisa terrível, Pandora! Libertou todos os males do mundo: egoísmo, crueldade, inveja, ciúme, ódio, intriga, ambição, desespero, tristeza, violência e todas as outras coisas que causam miséria e infelicidade. Zeus prendeu todos esses males nessa caixa e deu a você e a seu marido. Ele sabia que você iria, um dia, abrir essa caixa. Essa é a vingança de Zeus contra Prometeu e todos os homens, por terem roubado o fogo dos deuses!”


Chorando copiosamente, Pandora disse: “Que coisa terrível eu fiz! Como poderemos pegar todos esses males e prendê-los novamente na caixa?”


“Você nunca poderá fazer isso Pandora!” Respondeu tristemente a fada da Esperança. “Eles já estão todos espalhados pelo mundo e não podem mais ser presos!”


“Mas há algo que pode ser feito: Zeus enviou-me também, junto com esses males, para dar esperança aos sofredores, e eu estarei sempre com eles, para lembrar-lhes que seu sofrimento é passageiro e que sempre haverá um novo amanhã !”

http://www.sociedadeteosofica.org.br/bhagavad/site/livro/cap56.htm - 12- 01-2011



Outra versão:

No céu reinavam Zeus e seus filhos. Zeus derrotara o pai, Cronos, depondo a antiga geração de deuses e titãs, da qual Prometeu descendia. Nesta guerra contra Cronos apenas alguns Titãs tinham lutado ao lado de Zeus. Entre eles estavam Prometeu ("o que pensa antes") e seu irmão Epimeteu ("o que pensa depois"). Zeus agradeceu a Prometeu oferecendo proteção divina à recém criada humanidade. Mas negou aos mortais o último dom de que necessitavam para se manterem vivos: o fogo.


Prometeu, não se conformando com esta decisão injusta, roubou o fogo do Olimpo. Atrevimento fatal!

Irritado, Zeus concebeu um plano para se vingar. Pediu a Hefesto, deus do fogo, famoso por sua arte, para fazer uma estátua de pedra retratando uma linda donzela. A própria Atena trajou aquela escultura com um manto branco e reluzente, cobriu-lhe o rosto com um véu, coroou-lhe a cabeça com flores frescas e cingiu-a com um diadema de ouro. Hermes, o mensageiro dos deuses, emprestou a fala à maravilhosa criatura e Afrodite concedeu-lhe todo o encanto do amor.

Zeus chamou-lhe Pandora, "a que possui todos os dons”, a primeira mulher, divina na sua aparência mas, de facto, bastante humana. Hermes deu-lhe ainda uma magnífica caixa belamente ornamentada, e ordenou-lhe que nunca a abrisse. Em seguida levou a virgem à terra, e todos admiraram a sua beleza incomparável.

Apenas Prometeu resistia!

Então, ela aproximou-se de Epimeteu, o ingénuo irmão de Prometeu, que a recebeu com alegria. Casaram e no seu palácio Pandora colocou o presente de Hermes em lugar onde pudesse ser admirado por todos, resistindo à tentação de o abrir.

Mas o tolo Epimeteu quis ver o que estava dentro pensando encontrar algo que pudesse encantar a mulher. Ao abrir a caixa, dela se ergueu uma nuvem negra que se espalhou pela terra com a rapidez de um raio, levando consigo toda a espécie de sofrimentos. Velhice, Insanidade, Doença, Crime, Morte, Mentira, Inveja e Fome saíram da bela caixa e a humanidade conheceu a dôr.

Um único dom benéfico estava escondido no fundo da caixa: a Esperança.

Pandora lamentou profundamente a triste ideia do marido e, sentindo-se também culpada, libertou a Esperança para que a humanidade pudesse ter algo que a sustentasse em tempos de tão grande aflição.

Ainda hoje é a Esperança infinita que nos mantêm na expectativa de dias melhores.

http://www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php?topic=32898.0;wap2 - 12- 01-2011
 
 
 
 
Hesíodo, Maria Helena da Rocha Pereira, Helade - Antologia da Cultura Clássica, F.L.U.C., Comibra, 1982
 
 
A síntese pode ser esta?

Dizia-se que Prometeu, que vivia na terra e descendia da antiga geração de deuses que tinha sido destronada por Zeus, criara os primeiros homens a partir do barro. Desejando ajudar a humanidade, provocou duas vezes a cólera de Zeus. Um dia, durante um sacrifício de um boi aos deuses, Prometeu cobriu com o couro a carne e as vísceras do animal; quanto aos ossos, passou neles uma espessa camada de gordura. Convidado a escolher a sua parte Zeus, sem saber da trapaça, atraído pela gordura acabou por ficar com os ossos.
Ao descobrir que tinha sido enganado para favorecer os homens, Zeus o pai dos deuses, bravo e rancoroso, resolveu vingar-se privando a humanidade do fogo.

No entanto, Prometeu, interveio novamente em socorro dos mortais, desta vez roubando uma centelha do fogo divino. A terrível cólera de Zeus maquinou uma punição exemplar.

Zeus o rei dos deuses, furioso com tamanha ousadia, ordenou a Hermes que o amarrasse a um rochedo, no alto do monte Cáucaso, para que uma águia viesse devorar-lhe eternamente o fígado, que se renovaria sem parar. A águia vinha comia-lhe o fígado e ele voltava a crescer, para ser comido novamente pela águia no dia seguinte.

Muito tempo depois, Hércules, um outro benfeitor da humanidade, mataria a águia e libertaria Prometeu.

Zeus, porém, não satisfeito com a vingança desfechada contra o ladrão resolveu, também, vingar-se de todos os homens a quem Prometeu tinha dado o fogo.
Zeus mandou então Hefestos, deus-ferreiro, moldar uma linda donzela, que apresentaria todas as perfeições – a primeira mulher. Ordenou depois que cada um dos deuses lhe dessem um dos seus dons: Afrodite o segredo de encantar, Hermes, o dom de seduzir pela palavra, Atena, ensinou-lhe todas as artes…
Por fim, recebeu o nome de Pandora, que significa “ a que tem todos os dons”, recebendo de Zeus um pequeno cofre fechado, com a recomendação de o entregar a Prometeu. Suspeitando que se tratava de uma cilada, Prometeu recusou-se a receber Pandora e disse a seu irmão Epimeteu que não aceitasse coisa alguma de Zeus. Mas Epimeteu, cujo nome quer dizer “aquele que reflectiu demasiado tarde”, viu a radiante beleza da donzela e deixou-se seduzir por Pandora; casou com ela e como era natural seguiu a sua vida despreocupado.
No entanto, um dia, Pandora que se sentia sozinha, sentiu-se atraída por aquela caixa que parecia ter sons de pessoas lá dentro. Abriu-a e ao reconhecer que todos os males se escaparam, fechou-a apressadamente, já tarde. Apenas ficou a esperança. Foi assim que a primeira mulher trouxe ao mundo a infelicidade.

  Como queremos fazer um teatro de sombras sobre o mito de Pandora. Temos que recortar as figuras necessárias, colá-las em cartolina. Recortá-las por dentro, deixando sempre um pouco de cartolina para dar firmeza, colar papel celofane de várias cores, colocar paus de espetadas e já está, as figuras estão prontas para ser manipuladas.


Falta agora o diálogo. Quem ficou de o fazer tem que ler o texto final, depois de analisado, criticado e já sintetizado e fazer os diálogos, ou seja passá-lo para texto dramático.

Alguma dúvida? Fórum dúvidas, ou pessoalmente!!!

No final, terão que explicar o significado do mito. Pensem noutro mito muito vosso conhecido que se lhe pode assemelhar.

Bom trabalho.

RELIGIÃO GREGA

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ler um texto poético

Explica o que é que a natureza da Grécia tem de belo para Sophia de Mello Breyner Andersen.

Resume as características geográficas da Grécia.

GRÉCIA - O LUGAR

       A Grécia é um país envolvido e penetrado pelo mar. As montanhas quase sempre presentes contrapõem a sua elevação à linha horizontal de um mar quase sempre presente.

GRÉCIA

      A relação  entre a ascensão das montanhas e a lisura das águas estabelece a extrema solenidade da paisagem grega. Uma solenidade nua onde as coisas têm a mesma qualidade radiosa que aparece na poesia de Homero, onde as coisas estão como interiormente iluminadas por um sorriso e por uma atenta claridade que habita nelas e nos quais o espírito reconhece aquela serenidade exaltada e dinâmica que está na raiz daquilo a que chamamos felicidade e que é o nosso acordo terrestre.

GRÉCIA - O LUGAR




   A terra grega é um lugar onde se articulam e se conciliam os opostos. Uma terra de vegetação e secura. Uma terra de calor e fontes geladas. Um lugar de lucidez e de mistério. Um lugar de paixão e de medida. Um lugar de êxtase e pânico.

GRÉCIA - O LUGAR

    Tudo aqui principia na força limpa e nua, na maravilhosa qualidade dos elementos: luz, ar, água , terra.

GRÉCIA - O LUGAR

(…) E no mar as ilhas aparecem rodeadas por um halo azul, por um arco-íris todo azul, que é como que a respiração dos deuses, a irradiação duma felicidade divina interior ao universo. (…)




Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nu na antiguidade clássica, O lugar